Dos contos recebidos, cujo tema era ir ao encontro dos Objetivos para a Sustentabilidade, foram selecionados os seguintes que se apresentam. Os prémios serão entregues, quando a situação que vivenciamos o permitir.
1.º LUGAR
Por Manuel Silva
Era uma vez uma menina muito curiosa e,
por isso, fazia muitas perguntas a todos sobre tudo.
Um dia, olhando fixamente para uma
folha de jornal, que apanhara na rua, disse à mãe:
- Um dia, vou conseguir escrever estas
palavras todas, escrever os meus pensamentos num papel para que todos saibam o
que quero! Ensinas-me a escrever mãe?
A mãe respondeu-lhe:
- Não posso, filha, eu não sei
escrever, nunca aprendi!
Olhando novamente para a folha de
jornal insistiu:
- Como se chama este bicho, mãe?
- Não sei, não o conheço!
A menina, intrigada por a mãe não
conseguir sossegar a sua curiosidade, insistiu e perguntou-lhe novamente:
- E quem é este senhor? Tem cá um
bigodaço!
- A mãe pegou na folha de jornal e
disse à menina:
- Se está no jornal é pessoa
importante, mas eu não sei porquê!
Desanimada e triste, a menina decidiu
ir para a rua brincar. Quando se preparava para jogar à bola sozinha, avistou,
ao fundo da rua, o autocarro onde vinha o seu irmão e os seus amigos.
Ao saírem do
autocarro, a menina reparara que todos os garotos carregavam livros e cadernos
nos braços e falavam sobre as plantas, como cresciam, como se alimentavam e
como o sol era importante para elas!
A menina olhou atentamente para o autocarro e
reparou que nele não havia nenhuma rapariga, mas logo desviou o seu pensamento
para a vida das plantas e perguntou ao irmão:
- Mano, onde aprendeste tudo sobre as
plantas?
- Na escola! Na escola, aprende-se
tudo!
A menina ficou com ar pensativo e ao
mesmo tempo triste, pois naquele momento percebeu porque é que a mãe não sabia
escrever, porque não conhecia o senhor do jornal, nem sabia nada sobre bichos e
plantas. A mãe nunca tinha ido à escola, nem a sua mãe, nem a mãe de qualquer
outro menino ou menina!
Aquele autocarro era só para meninos!
2.º LUGAR
Por Francisco Sousa
Era uma vez um menino que vivia
completamente na pobreza.
A casa dele era apenas constituída por uma
divisão, onde estavam alojados todos os membros da família, a sua mãe, o seu
pai e os seus irmãos.
O menino, de nome João, levantava-se todos
os dias bastante cedo para ir estudar numa escola que não ficava propriamente
perto de sua casa, ou seja, todos os dias de manhã era necessário percorrer
grandes distâncias, o que já era um grande esforço para ele.
Ao longo do dia, o menino ia tendo as suas
aulas como todas as outras crianças, mas era alvo de gozo por parte dos colegas
por causa das suas roupas antiquadas e pouco habituais, que usava devido à
falta de capacidade financeira dos seus pais. Por causa destes insultos e
pressões dos seus colegas, o rapaz andava sempre isolado e sozinho pela escola.
Todos os dias eram um desafio para ele,
que, por vezes, não sentia vontade nenhuma de frequentar a escola. Com o
esforço diário dos seus pais, que contribuíam para que ele tivesse tudo de
melhor durante a escola, o João foi avançando cada vez mais até chegar ao 12.º
ano, suportando todo o gozo por parte dos seus colegas.
Chegou o último dia de aulas. O João
estava ansioso para que acabasse tudo aquilo, pois gostava de aprender, mas não
gostava de passar os intervalos sozinho como acontecia. Ninguém se queria dar com ele devido aos seus
problemas.
Como não tinha possibilidades para
frequentar a universidade, decidiu ir em busca de um emprego que o fizesse
ganhar algum dinheiro. Chegou o dia em que encontrou o emprego perfeito para si,
conseguindo angariar algum dinheiro para planear a sua vida e dar alguma ajuda
aos seus pais.
A empresa onde ele trabalhava fabricava carros
e, pouco tempo depois, o João apercebeu-se de que era realmente bom naquilo.
Os anos foram passando e o João evoluía
cada vez mais no ramo da indústria automóvel, até que uma proposta. de uma
empresa milionária, chegou até ele, fazendo-o delirar. Com esta proposta, a
vida de João e da sua família nunca mais voltou a ser a mesma, pois passaram a
ter uma situação financeira que lhes permitia ter outro nível de vida.
Com esta história, podemos ver que, apesar
de todas as dificuldades, se formos fortes e persistentes, no futuro podemos
ter uma vida melhor. Abandonar o ensino
nunca é opção!
3.º LUGAR
Por Martim Santos
Era uma vez um menino que, num belo dia de
sol, como muitos outros, jogava à bola nas ruas do Cairo. O menino chamava-se
Abel e tinha o sonho de se tornar jogador profissional e ajudar os seus. A sua
família passava por grandes dificuldades e ganhava muito pouco dinheiro. Viviam
numa casa que mal tinha telhado e dormiam em paletes com cobertores por cima.
Comiam apenas uma vez por dia e a alimentação era à base de pão e sopa.
Abel era um menino muito talentoso. Adorava
jogar à bola e fazia-o muitas vezes com os seus amigos lá na rua. Ele jogava
num clube chamado Clube Futebol Cariense. Era um jogador muito promissor. Os
pais acreditavam muito em Abel e ele trabalhava todos os dias para se tornar num
grande jogador.
Quando Abel completou 14 anos, foi chamado
para jogar no Genk, clube muito famoso na Bélgica, porém, teria de deixar a sua
família, pois não podia ir todos os dias de sua casa para os treinos. Como
queria ajudar a sua família a ter uma vida melhor, aceitou o desafio.
No início, foi difícil adaptar-se, pois a
língua era diferente, logo não conseguia fazer amigos com facilidade, e não
tinha a sua família junto de si. Abel era tímido fora do campo, mas, quando
entrava num jogo, parecia que aquela timidez desaparecia e transformava-se num leão
cheio de raiva e com vontade de ganhar.
O tempo foi passando, ele foi fazendo
vários amigos e continuava a demonstrar toda a sua qualidade. Finalmente, começou
a ganhar dinheiro. Com isso, Abel ficou muito feliz e quando recebia o seu
ordenado, mandava-o todo para a sua família no Cairo.
Anos passaram e Abel tornava-se numa
pessoa adulta e madura. Foi então que mudou novamente de clube. Foi jogar para
o Arsenal em Inglaterra e numa entrevista à Sky Sports disse:
- Sofri muito na minha infância, pois
vivia em condições degradantes, mas os meus pais sempre acreditaram em mim e eu
devo-lhes muito. Atualmente, parte do meu salário vai para o Cairo, para a
minha família. Para todas as crianças que me estão a ver digo-lhes para
acreditarem nos seus sonhos e trabalhem para os conquistar.
A história de Abel é um exemplo de
superação e dedicação, pois, apesar de todas as suas dificuldades e da sua
família, conseguiu ajudá-la e mostrou que se as pessoas lutarem pelos seus objetivos,
conseguem alcançá-los.
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