segunda-feira, 4 de maio de 2020

CONCURSO DE CONTOS : SELECIONADOS


Dos contos recebidos, cujo tema era ir ao encontro dos Objetivos para a Sustentabilidade, foram selecionados os seguintes que se apresentam. Os prémios serão entregues, quando a situação que vivenciamos o permitir.



1.º LUGAR
Por Manuel Silva
Era uma vez uma menina muito curiosa e, por isso, fazia muitas perguntas a todos sobre tudo.
Um dia, olhando fixamente para uma folha de jornal, que apanhara na rua, disse à mãe:
- Um dia, vou conseguir escrever estas palavras todas, escrever os meus pensamentos num papel para que todos saibam o que quero! Ensinas-me a escrever mãe?
A mãe respondeu-lhe:
- Não posso, filha, eu não sei escrever, nunca aprendi!
Olhando novamente para a folha de jornal insistiu:
- Como se chama este bicho, mãe?
- Não sei, não o conheço!
A menina, intrigada por a mãe não conseguir sossegar a sua curiosidade, insistiu e perguntou-lhe novamente:
- E quem é este senhor? Tem cá um bigodaço!
- A mãe pegou na folha de jornal e disse à menina:
- Se está no jornal é pessoa importante, mas eu não sei porquê!
Desanimada e triste, a menina decidiu ir para a rua brincar. Quando se preparava para jogar à bola sozinha, avistou, ao fundo da rua, o autocarro onde vinha o seu irmão e os seus amigos.
Ao saírem do autocarro, a menina reparara que todos os garotos carregavam livros e cadernos nos braços e falavam sobre as plantas, como cresciam, como se alimentavam e como o sol era importante para elas!
 A menina olhou atentamente para o autocarro e reparou que nele não havia nenhuma rapariga, mas logo desviou o seu pensamento para a vida das plantas e perguntou ao irmão:
- Mano, onde aprendeste tudo sobre as plantas?
- Na escola! Na escola, aprende-se tudo!
A menina ficou com ar pensativo e ao mesmo tempo triste, pois naquele momento percebeu porque é que a mãe não sabia escrever, porque não conhecia o senhor do jornal, nem sabia nada sobre bichos e plantas. A mãe nunca tinha ido à escola, nem a sua mãe, nem a mãe de qualquer outro menino ou menina!
Aquele autocarro era só para meninos!

2.º LUGAR
Por Francisco Sousa
Era uma vez um menino que vivia completamente na pobreza.
A casa dele era apenas constituída por uma divisão, onde estavam alojados todos os membros da família, a sua mãe, o seu pai e os seus irmãos.
O menino, de nome João, levantava-se todos os dias bastante cedo para ir estudar numa escola que não ficava propriamente perto de sua casa, ou seja, todos os dias de manhã era necessário percorrer grandes distâncias, o que já era um grande esforço para ele.
Ao longo do dia, o menino ia tendo as suas aulas como todas as outras crianças, mas era alvo de gozo por parte dos colegas por causa das suas roupas antiquadas e pouco habituais, que usava devido à falta de capacidade financeira dos seus pais. Por causa destes insultos e pressões dos seus colegas, o rapaz andava sempre isolado e sozinho pela escola.
Todos os dias eram um desafio para ele, que, por vezes, não sentia vontade nenhuma de frequentar a escola. Com o esforço diário dos seus pais, que contribuíam para que ele tivesse tudo de melhor durante a escola, o João foi avançando cada vez mais até chegar ao 12.º ano, suportando todo o gozo por parte dos seus colegas.
Chegou o último dia de aulas. O João estava ansioso para que acabasse tudo aquilo, pois gostava de aprender, mas não gostava de passar os intervalos sozinho como acontecia.  Ninguém se queria dar com ele devido aos seus problemas.
Como não tinha possibilidades para frequentar a universidade, decidiu ir em busca de um emprego que o fizesse ganhar algum dinheiro. Chegou o dia em que encontrou o emprego perfeito para si, conseguindo angariar algum dinheiro para planear a sua vida e dar alguma ajuda aos seus pais.
A empresa onde ele trabalhava fabricava carros e, pouco tempo depois, o João apercebeu-se de que era realmente bom naquilo.
Os anos foram passando e o João evoluía cada vez mais no ramo da indústria automóvel, até que uma proposta. de uma empresa milionária, chegou até ele, fazendo-o delirar. Com esta proposta, a vida de João e da sua família nunca mais voltou a ser a mesma, pois passaram a ter uma situação financeira que lhes permitia ter outro nível de vida.
Com esta história, podemos ver que, apesar de todas as dificuldades, se formos fortes e persistentes, no futuro podemos ter uma vida melhor.  Abandonar o ensino nunca é opção!

3.º LUGAR
Por Martim Santos
Era uma vez um menino que, num belo dia de sol, como muitos outros, jogava à bola nas ruas do Cairo. O menino chamava-se Abel e tinha o sonho de se tornar jogador profissional e ajudar os seus. A sua família passava por grandes dificuldades e ganhava muito pouco dinheiro. Viviam numa casa que mal tinha telhado e dormiam em paletes com cobertores por cima. Comiam apenas uma vez por dia e a alimentação era à base de pão e sopa.
Abel era um menino muito talentoso. Adorava jogar à bola e fazia-o muitas vezes com os seus amigos lá na rua. Ele jogava num clube chamado Clube Futebol Cariense. Era um jogador muito promissor. Os pais acreditavam muito em Abel e ele trabalhava todos os dias para se tornar num grande jogador.
Quando Abel completou 14 anos, foi chamado para jogar no Genk, clube muito famoso na Bélgica, porém, teria de deixar a sua família, pois não podia ir todos os dias de sua casa para os treinos. Como queria ajudar a sua família a ter uma vida melhor, aceitou o desafio.
No início, foi difícil adaptar-se, pois a língua era diferente, logo não conseguia fazer amigos com facilidade, e não tinha a sua família junto de si. Abel era tímido fora do campo, mas, quando entrava num jogo, parecia que aquela timidez desaparecia e transformava-se num leão cheio de raiva e com vontade de ganhar.
O tempo foi passando, ele foi fazendo vários amigos e continuava a demonstrar toda a sua qualidade. Finalmente, começou a ganhar dinheiro. Com isso, Abel ficou muito feliz e quando recebia o seu ordenado, mandava-o todo para a sua família no Cairo.
Anos passaram e Abel tornava-se numa pessoa adulta e madura. Foi então que mudou novamente de clube. Foi jogar para o Arsenal em Inglaterra e numa entrevista à Sky Sports disse:
- Sofri muito na minha infância, pois vivia em condições degradantes, mas os meus pais sempre acreditaram em mim e eu devo-lhes muito. Atualmente, parte do meu salário vai para o Cairo, para a minha família. Para todas as crianças que me estão a ver digo-lhes para acreditarem nos seus sonhos e trabalhem para os conquistar.
A história de Abel é um exemplo de superação e dedicação, pois, apesar de todas as suas dificuldades e da sua família, conseguiu ajudá-la e mostrou que se as pessoas lutarem pelos seus objetivos, conseguem alcançá-los.

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